Tiago da Costa Moreira
Dos muitos tipos que compulsão que uma pessoa pode desenvolver, um dos mais comuns é a compulsão sexual. Esse tipo de comportamento não é novidade. Na realidade, como o sexo se trata de uma necessidade de sobrevivência para os seres humanos e, portanto, sempre foi praticado, talvez esta seja a compulsão mais antiga de todas.
No entanto, vale ressaltar que o desejo pelo sexo é normal. O comportamento só se torna compulsivo quando a busca pelo prazer sexual é um hábito mal adaptativo que já foi executado inúmeras vezes e acontece quase automaticamente.
Apesar dos esforços na modernidade para que o tema “sexo” deixe de ser um tabu, principalmente pelos trabalhos de conscientização a respeito das doenças sexualmente transmissíveis e da gravidez precoce, atualmente ainda é muito difícil encontrar uma pessoa que aceite dar uma entrevista sobre o assunto sem qualquer tipo de constrangimento. Pior ainda quando se trata de assumir ser um compulsivo sexual.
“Gosto muito de sexo. Penso nisso quase o dia todo e, quando durmo, sonho que estou transando com uma mulher (risos). Mesmo assim, não acho que sou compulsivo. Não sou um tarado”, afirma Carlos Lourenço, de 43 anos.
Carlos é divorciado há três anos e, desde que se separou de sua ex-esposa, freqüenta a Vila Mimosa, um dos prostíbulos mais famosos do Rio de Janeiro, quase todos os finais de semana. A carga horária não permite que ele saia todas as noites para satisfazer sua necessidade sexual. A solução para o problema é bem simples:
“Quando não estou ‘pegando’ ninguém, tem uns sites quentes na internet que me ajudam a relaxar (risos). Mesmo casado sempre tive minhas revistas. É sempre bom ver produto de boa qualidade”, assume. Apesar de não assumir, Carlos tem os sintomas de uma pessoa compulsiva, afinal seu comportamento em relação ao sexo é um hábito seguido por alguma gratificação emocional. “Um alívio de ansiedade”, como explica a psicóloga da Fiocruz Luciana Cavanellas.
“A pessoa compulsiva normalmente é agitada e ansiosa. A pessoa vai buscar outro caminho, ou seja, procura uma substituição para os problemas. Além disso, se caracteriza por uma busca de prazer”, diz a psicóloga.
Normalmente, a compulsão sexual é mal interpretada pela sociedade. Um indivíduo que possui este tipo de comportamento é estigmatizado como ‘tarado’ ou até mesmo ‘maníaco’.
“Alguns tipos de compulsão e vício são considerados ‘adequados’ pela sociedade. Tudo vai depender do tipo de compulsão que a pessoa adquire. A sociedade que aprova qual tipo de compulsão ou vício é permitido. Como exemplo, temos o álcool e o chocolate”, comenta Luciana.
E completa: “Não se pode confundir a compulsão sexual com atos criminosos, como pedofilia, por exemplo. Nem achar que compulsivos por sexo são estupradores em potencial. Na verdade, quem possui essa compulsão simplesmente quer fazer sexo o tempo todo. Mas existem várias soluções para que ele satisfaça seu desejo sem cometer qualquer crime”.
Já que o compulsivo sexual não é necessariamente um risco para a sociedade, a decisão de cura é exclusivamente dele. À família, resta o papel de estar sempre ao lado da pessoa e fazer com que a convivência entre todos seja a melhor possível.
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
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